'Presidente não fez alusão á corrupção no seu discurso' - Líder da Bancada Parlamentar da Unita

'Presidente não fez alusão á corrupção no seu discurso' - Líder da Bancada Parlamentar da Unita

  

Discurso da líder da Bancada Parlamentar da

UNITA por ocasião da 14a

Sessão Ordinária da Assembleia Nacional

 

Excelência, Eng. António Paulo Kassoma,Presidente da Assembleia Nacional,
Excelências, Membros do Executivo,
Caros Colegas Deputados, eleitos para o nobre exercício legislativo,
Minhas Senhoras e meus Senhores

 

Estendemos a todos um abraço fraterno, cientes de que o inicio de mais um Ano Legislativo vai exigir de cada um de nós uma responsabilidade pessoal no exercício colectivo de procurar responder aos anseios de todo um povo que espera que desta casa saiam leis justas, que minimizem os seus problemas.

 

Reconhecemos como oportuno o facto do Presidente da Republica ter cumprido pela primeira vez, com o pressuposto constitucional de apresentar a todos os cidadãos angolanos a sua visão pessoal sobre o Estado da Nação. Fazemos votos de que, doravante, este acto político faça parte dos procedimentos normais, no âmbito do processo de governação e no quadro da responsabilidade dos governantes prestarem as explicações e os esclarecimentos necessários aos governados.

 

A base fundamental para a construção de uma Nação e a plena realização dos seus povos, reside na capacidade das suas elites políticas mostrarem com realismo, os avanços que se vão registando nos vários domínios da vida publica, mas sobretudo, aceitarem o debate contraditório sobre as filosofias e os caminhos mais apropriados para fazer face aos desafios que se levantam! Todos nós temos uma ideia na mente, uma vontade interna de fazer Angola melhor, e não nos esqueçamos que as sociedades dos homens continuam a ser grandes mistérios que fogem sistematicamente às previsões; ao modelo; ao esforço de um grupo por mais determinado que seja.

 

As sociedades mudam porque ou nelas são introduzidos novos factores ou os velhos vectores conhecem uma transformação.

 

Impedir que outras vozes se façam ouvir ou a projecção de demais vozes que constituem o xadrez politico nacional ou ainda reduzir os seus animadores a inimigos a abater, é aniquilar as potencialidades humanas deste pais e o desenvolvimento do ambiente democrático ou com mais precisão, é a negação do próprio contexto democrático que a Nação Angolana abraçou em 1992.

 

Excelências,

Minhas Senhoras e meus Senhores

 

Ao discursar nesta Magna Casa aos 15 de Outubro último, o Presidente da Republica reconheceu perante todos os angolanos que ainda subsistem insuficiências na incapacidade do Executivo de fazer face aos grandes desafios que o país apresenta tais como: a pobreza, a habitação condigna, energia, saúde, educação, água potável, entre outros. O Senhor Presidente teve também a hombridade de reconhecer que em Cabinda a situação continua instável.

 

Mas faltou neste discurso, em nosso entender, que o Senhor Presidente dissesse o que pensa fazer para resolver o problema de Cabinda. Faltou ainda uma alusão à Corrupção; Que medidas práticas, concretas estão a ser tomadas depois da aprovação da Lei da Probidade Pública e da Lei do Branqueamento de Capitais? Na prática, a corrupção continua a fazer parte do dia-a-dia do cidadão; encarece os serviços de atendimento público e não dignifica nem os sectores respectivos, muito menos os funcionários que se vêm obrigados – forçados pela carência – a fazer recurso a essas práticas fraudulentas;

 

Faltou esclarecer à Nação as razões da subida vertiginosa dos combustíveis em cerca de 50%, e a quem especificamente se vão atribuir as verbas decorrentes dos cortes da subvenção;

 

Não ouvimos que medidas práticas se vão tomar para baixar os elevados índices de criminalidade bem como o uso de drogas, o consumo excessivo de álcool, para alem da prostituição no seio de uma juventude em auto-destruiçao;

 

Nada ouvimos sobre os ganhos que a economia de Angola registou com a realização do CAN quando se sabe que os Angolanos têm em mãos mais uma dívida a gerir.

 

Sr. Presidente,

Minhas Senhoras e meus Senhores,

 

Apresentamos a nossa inquietação pelo facto do Sr. Presidente ter perdido uma soberana oportunidade para apresentar a sua visão sobre os caminhos para uma Angola nos próximos tempos e as políticas preconizadas para atingir tal desiderato. Mais uma vez, os angolanos ficaram com as suas frustrações e desilusões porque se questiona ainda, cito:

 

"com que recursos devemos contar";

"que quadros se deverão formar em quantidade e em qualidade"; 

"de que força de trabalho teremos de dispor"; 

 

Como estas questões ainda têm de ser equacionadas e tratadas, os Angolanos têm de continuar morrendo ou sobrevivendo num país onde uns poucos têm tudo e até demais por via da desonestidade e uma maioria de mais de 65% vive no limiar da pobreza extrema.

 

Não foi transmitida a esperança aos pobres desta Angola potencial mas que aparece hoje em todas as estatísticas mundiais com os custos de vida mais elevados do planeta. O salário mínimo é minimizado e continua minúsculo. Os Chefes de família que auferem um salário mínimo não conseguem sequer compensar o custo mensal pessoal de um candongueiro.

 

O primeiro emprego para os jovens continua a ser um sonho irrealizável. Faltam condições de trabalho para o médico, o professor, o enfermeiro, o auxiliar de limpeza, e o trabalhador das morgues públicas, o regulador de trânsito, o varredor de rua, etc, etc, etc.

 

Faltou também transmitir esperança à zungueira, ao vendedor ambulante, à quitandeira, ao guarda das empresas de segurança, ao ex-combatente, enfim ao exército de desempregados que não sente nenhuma melhoria reflectida na sua vida.

 

Faltou esperança para que na Comuna, chegue o médico, a energia eléctrica, a escola com alguma qualidade e o camponês possa ter segurança para produzir e escoar os seus produtos e capitalizar-se através da sua vendas. É toda uma cadeia de serviços que o Executivo precisa de facilitar e também ajudar no surgimento e fortalecimento de estruturas de apoio.

 

Temos todos nós obrigações para com Angola e os Angolanos. Diante deste vazio de visão estratégica e de políticas adequadas e audaciosas temos de, corajosamente, fazer face aos desafios do futuro e neste contexto sentirmo-nos obrigados a partilhar ideias que a nosso ver são cruciais para lançar Angola na senda do desenvolvimento, do progresso e do bem-estar dos Angolanos.

 

Em primeiro lugar é preciso combater a fome e a pobreza, não com doações permanentes muitas vezes necessária mas, com políticas consentâneas que permitam às famílias aumentar o seu rendimento e capacidade de compra; aumentar a qualidade dos serviços públicos investindo na formação, primando pela qualidade e eficiência; visionar a educação com mais responsabilidade e neste contexto repensar a implementação da reforma educativa que tem encontrado enormes dificuldades mas que se insiste como se fosse o único caminho que existe no horizonte da formação escolar; proporcionar aos que não possuem o dom da escrita e da leitura a faculdade de fazerem parte do universo dos alfabetizados e investir na formação do Homem Integral;

 

Que se leve em consideração a resolução 37/09, da Assembleia Nacional sobre as demolições, para que se criem todas as condições necessárias ao realojamento, antes de qualquer acto de demolição.

 

Saudamos o esforço do Ministério da Comunicação Social ao nomear novos órgãos para a condução do trabalho público e esperamos que a discriminação de que os partidos políticos da oposição bem como algumas organizações da Sociedade Civil têm sido alvo, deixe de existir pois é um dos factores que enfraquece gravemente a democracia angolana.

 

Excelências,

 

Foi apresentada uma proposta para a revisão da lei dos partidos políticos para ser debatida nesta Magna Casa. O nosso entendimento é de que esta Lei não deve ser uma exclusividade do proponente, neste caso o MPLA, nem tão pouco um pacote que se remeta aos partidos políticos com assento parlamentar, mas antes, uma pertença real e efectiva dos eleitores angolanos, do cidadão comum. Assim sendo, todos os partidos políticos, com ou sem assento parlamentar, devem dar o seu contributo; as associações cívicas devem dar o seu contributo; o cidadão eleitor deve participar com as suas ideias na busca daquilo que melhor serve Angola.

 

A Democracia é o regime da isonomia e da igualdade entre os homens, quer como indivíduos quer como grupos organizados, e quanto mais forte for a Democracia, mais forte será a Paz.

 

Muito obrigada pela vossa atenção.

 

Luanda, aos 4 de Novembro de 2010

 

Fonte: UNITA

 

Tópicos relacionados:

 

Unita alerta: Mais um atentado á Democracia 

Discurso do Presidente sobre o estado da nação.

'Presidente da Republica não retratou fielmente o estado da nação' - Isaias Samakuva 

 

 

Comentario

falsos conteúdos políticos...

lussinga valilissa | 31-12-2010

, por isso raras vezes bato palmas por ouvi-los. JáOs discursos políticos são feitos de areia molhada na sua maioria.
Aparentemente sólidos-falsos, até aparecer o sol e secar a areia. Aí, tudo se espalha e esvoaça, transparece...A mim, pouco ou nada impressionam sou mais velha demais para ser enganada por qualquer político, seja ele quem for, que tente ludibriar, porque a realidade é sempre e claramente diferente para uma Nação inteira.É um 4º de gente a pisar na maioria, e corrupção é emprego de luxo para muita gentinha de colarinho branco, infelizmente, infelizmente...

Dos santos é o Rei dos Corruptos de Angola, gangster number ONE

Angolana-Holandesa | 06-11-2010

Como é que um corrupto vai falar da corrupçao?

Coisas da Politica

Emilia Maria dos Santos | 05-11-2010

Ela está apenas a cumprir com o seu papel de fazer "oposição"! Força.

contamos convosco

joao paulo | 05-11-2010

Eu tenho simpatia politica pela UNITA mas confesso que esse habito de acusar o MPLA/JES de corrupcao "on and on" ja esta visto que nao funciona,pra isso basta nos povo a fazer-lo,esta mais do que visto que o MPLA esta imune ou indiferente a este "slogan",nem o zedu nem a cupula do M perde um segundo de sono com os gritos de corrupcao vindos da oposicao e do povo,o que fazer entao?

Deve se fazer algo revolucionario!!Uma revolucao precisa se!!
"Que revolucao e essa" estou a ouvir ulguns de voces a perguntarem se...Bem,algo brilhante da parte da UNITA seria dizer que planos(brilhantes de preferencia)tem pra Angola,que agenda,o que a UNITA faria que fizesse o povo saltar em jubilo e votar em massa na UNITA e relegar o M ah bancada da oposica,isso seria um bom plano..mas o mais brilhante ainda seria acusar o MPLA de algo ue eles nao sao..E no fim toda gente sabe o que eles nao sao...vamos UNITA,falta pouca pras eleicoes,voces sao a nossa esperanca,nao nos desapontem..

Re:contamos convosco

Kwacha puro | 05-11-2010

Compatriota. Leia melhor este discurso e lá verás alguns dos planos da Unita. Alem disso a Unita tem apresentado varias propostas no parlamento, que sao rejeitadas. Nao te apercebeste de uma das propostas de samakuva para a Cidade de Luanda? Informa-te melhor...talvez estejas na diaspora, eu entendo. Mas saiba tambem que nos vivemos num país atipico nao é facil estar na oposicao com o Mpla no poder que usurpa e controla todos os orgaos de comunicaçao, e que ainda por cima pode roubar dos teus projectos e apresenta-los como seu. Toda cautela é pouca.

Re:Re:contamos convosco

joao paulo | 06-11-2010

nao te tiro a razao compatriota,o que eu queria dizer e que a UNITA a meu ver tem que mudar de estrategia,temos que passar na ofenciva...temos que sair as ruas e mostrar quem somos,deixar as bancadas da assembleia por uns tempos,o voto e a confianca do povo ganha se na rua e nao na assembleia...

Re:Re:Re:contamos convosco

Kwacha puro | 06-11-2010

Amigo e o quê que achas que o presidente da Unita tem feito nas suas varias jornadas de campo? E porque é que se tem apelado para que o povo perca o medo?Ha no seio do povo angolano muito medo ainda, medo de repressao policial, medo de morrer, o Mpla controla tudo.As coisas conquistam-se nas calmas e aos poucos vamos ganhando terreno, é complicado fazer politica de oposiçao num país em que qualquer aproximaçao ao povo poderá ser interpretada como tentativa de causar motim popular, e se a Unita adoptar posturas ainda muito mais ofensivas, a propaganda do regime vai dizer que eles querem voltar/ou estao a incitar a guerra. Ha que se saber jogar para nao fazer o jogo do adversario, a jogada da Unita esta a retirar pouco a pouco todos os argumentos do Mpla, o samakuva nao é idiota como muitos pensam.

Re:contamos convosco

krs2 | 07-11-2010

A solução é ñ voltar a lhes votar e pronto

Corruption

Neemias | 05-11-2010

isso incomoda demais os mplistas, por isso 'e sempre melhor evitar essa questao, 'e dificil sermos humildes e falarmos de nos,

MPLA corrompeu homen, o ser angolano, hj todos seguem o exemplo do MPLA, cada ministro que entra rouba e nao rouba pouco, exemplo: Higino Carneiro, Issac dos anjos, Aguinaldo jaime, .... a lista 'nao tem fim, ....ma stem comeco

ao Mpla até no osso alias falso Dr do Mandavid

mansoni da ngola | 05-11-2010

eu como verdadeiro dos Bakongo acrecento que näo falou e näo quer falar porque Ele proprio tais envolvindo nas acuzasöes das roubalheiras primeiro como é que Os seus filhos e filhas conseguiram tantas biliosöes sem trabalhar nem um Erdeiro na familia do jes que possuia muito dinheiro! tudo isso mostra que O jes é bandido tambem A tolerancia zero näo pode ser aplicando porque O Maligno vai ser acuzado na roubalheira?

Re:ao Mpla até no osso alias falso Dr do Mandavid

rui jorge | 05-11-2010

voces os bakongos gostam mto de se identificar pelas etnias porque?nao aprenderam as licoes do rwanda?vao ver o filme que esta nesse portal na parte dos videos.

Re:Re:ao Mpla até no osso alias falso Dr do Mandavid

Haf | 06-11-2010

...Ninguém deve ser coagido a evitar identificar-se por aquilo que é. E ninguém devia se incomodar que alguém seja bakongo. Valha-nos Deus! Já agora, a tragédia do Ruanda teve as suas causas, por isso evitemos confusões desnecessárias e associações perigosas, de efeitos a falsas causas .

Presidente ja falou da corrupçao nao precisa repetir toda a hora.

MPLA até no osso! | 05-11-2010

O presidente já falou e sem complexos e sem tabus sobre a corrupçao no nosso último congresso. Foi lá que se decretou o tolerancia ZERO á corrupçao. Os efeitos da medida temos acompanhado, com varios corruptos(principalmente do BNA) a serem presos um pouco pr todo pais!

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